Djamila Ribeiro fala sobre feminismo negro na tarde desta sexta-feira

“Quem tem medo do feminismo negro?” (Cia das Letras, 2018), obra da filósofa, escritora e militante negra Djamila Ribeiro foi tema da palestra na tarde desta sexta-feira (30), no Auditório Menino Maluquinho, na Bienal do Livro de Guarulhos. Durante o encontro, a escritora abordou o processo de silenciamento do feminismo negro, sobretudo nas universidades, resultado da discriminação velada nesses espaços.

O questionamento de privilégios e a existência de grupos que oprimem os negros, sobretudo as mulheres, foram o foco de argumentos bastante pontuais: “Quem se incomoda com o feminismo, principalmente o feminismo negro, é justamente aqueles que não desejam uma transformação verdadeira da sociedade, que não entendem que as mulheres, que são 27% da população, também têm direito à humanidade, à ocupação de espaços e a ter direitos, questões às quais a obra trata, quando fala de feminismo”, explica Djamila.

Ensaio autobiográfico, “Quem tem medo do feminismo negro?” reúne uma seleção de artigos publicados por Djamila entre 2014 e 2017, no blog da revista CartaCapital. Em seu processo de descoberta enquanto ativista feminista, que envolveu o entendimento de que era necessário tomar à frente e pautar temas ligados à discriminação racial e o lugar de fala da mulher na sociedade, a autora recorda de seu percurso como estudante do curso de graduação em Filosofia e no mestrado em Filosofia Política na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e de sua atuação como professora na Escola Estadual José da Costa Boucinhas, no Jardim Cumbica, em Guarulhos.

Nascida na cidade de Santos, Djamila coordena a coleção Feminismos Plurais, da editora Letramento, que na contramão de iniciativas que dão pouca ou nenhuma atenção a escritores negros, lançou obras de autores como Joice Berth, Juliana Borges, Silvio Almeida, entre outros, além de “O que é lugar de fala” (2017), da própria Djamila Ribeiro.

“Nosso desejo é fazer as pessoas refletirem criticamente sobre o que é o feminismo negro, pois há muitas distorções e posturas enviesadas, acredito que, nesse sentido, a obra contribui para mostrar a elas que o que queremos é coexistir numa sociedade sem violência”, explica a autora sobre a necessidade de legitimação de posicionamentos e de tomada de atitude.

A Bienal do Livro, que tem como tema “Páginas que Conectam”, acontece até o dia 9 de dezembro no Parque Linear Transguarulhense, no Parque Continental. O evento conta com aproximadamente cinquenta estandes oferecidos às editoras e três auditórios, onde serão realizados os espetáculos, palestras, contação de histórias, dentre outras atividades, proporcionando um circuito de oportunidades aos estudantes, pesquisadores, professores e munícipes.

A Bienal do Livro é mais uma ação da Prefeitura de Guarulhos que tem por objetivo incentivar a leitura e aproximar os autores do público, crianças, adultos e da comunidade em geral, contribuindo para melhorar a qualidade social da Educação na cidade.