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Terceiro dia da Bienal é marcado por incrível interação entre escritores e leitores

O terceiro dia de realização da Bienal do Livro de Guarulhos “Páginas que conectam” foi marcado também por bate-papos incríveis entre escritores e leitores. Ao longo de todo o domingo, 2, os visitantes do espaço encontraram muito mais que livros, antes, pessoas de carne e osso, ansiosas por compartilhar suas histórias e experiências literárias.

Foto: Marcio Lino

A jornalista Karla Maria reuniu uma roda de conversa bastante intimista no Auditório 2 – O Menino Maluquinho, e contou detalhes sobre sua obra “Mulheres Extraordinárias”, lançada em 2017 pela Editora Paulus. Em meio a relatos surpreendentes, Karla falou do desafio de elaboração de algumas das reportagens que compõem a obra, trabalho que cumpre a função social do jornalismo investigativo.

“A temática é consequência de minhas apurações, pautas, sensibilidade e empatia mesmo enquanto levantava as histórias. A deflagração dos direitos humanos é um acinte em um país democrático, aparentemente normalizado ou banalizado em nosso país. Por isso, o livro quer denunciar a dura realidade das mulheres brasileiras”, explica a jornalista.

O lugar da fantasia na produção literária brasileira

Mentes brilhantes que fervilham ideias e roteiros para novas histórias, os jovens escritores Eric Novello e Bárbara Moraes conversaram com leitores igualmente apaixonados por livros e literatura. Em meio a um bate papo que versou sobre a riqueza da fantasia na literatura brasileira, os autores falaram sobre suas criações literárias, além de apontar alguns desafios para a produção no país, mercado editorial e profissão, o convívio diário com o texto, entre outros temas.

Foto: Marcio Lino

Bastante positivos e cheios de energia, Eric e Barbara observam um movimento muito interessante de valorização da produção literária brasileira. “Nesse sentido, a universidade se torna o lugar legítimo para preservação da memória de produções que têm como tema a fantasia e, a partir do momento em que estudos acadêmicos começam a ganhar expressividade nas universidades, isso abre um campo cada vez mais fértil e profícuo tanto de pesquisa como de valorização desse legado”, observa Bárbara.

Foto: Marcio Lino

Objetivos e valores, atenção plena, pontos fortes e solução, perdão, gratidão, motivo, redes sociais, reavaliar e renovar. Essas são as oito maneiras comprovadas cientificamente de ser feliz, tema da palestra da coaching especialista em felicidade Isabela Calazans. Com o público entretido e sedento por informações que possam satisfazer suas mais profundas em relação ao tema, Isabela aproveitou para falar de seu recém lançado livro, “Você aceita ser feliz?”, obra que como objetivo proporcionar a transformação em tudo que precisa ser mudado na vida de cada um.

“Você precisa identificar quais desses passos precisam ser priorizados em sua vida, pratique-os e aumente sua habilidade de ser feliz, isso é um exercício diário, que com o tempo fará com que você encontre a felicidade plena”, orienta a escritora.

Entre palhaços e violas

Foto: Marcio Lino

Os autores guarulhenses Hamilton Peixoto e Marcos Pinheiro Ribeiro também apresentaram suas obras recém lançadas durante bate papo na Bienal do Livro de Guarulhos. Trabalho extenso de pesquisa sobre as memórias e aventuras circenses de seu avô, “Carijó, o melhor palhaço de todo o mundo”, de Hamilton Peixoto, conta a história da tradicional família Peixoto, toda uma geração de artistas de circo.

Bate-papo com pocket-show, Marcos Pinheiro Ribeiro apresenta sua obra mais recente, “Manual para afinações de viola”, resultado de um longo trabalho de pesquisa e catalogação com mais de 70 maneiras diferentes de se afinar a viola caipira. Segundo Marcos, a inspiração para publicar esse trabalho vem da necessidade de preservar a riqueza imaterial e cultural do instrumento, para que a história da viola não se perca.

Cia Trucks reúne e diverte famílias na Bienal do Livro de Guarulhos

Foto: Eduardo Calabria

Fantasia, ludicidade e muita criatividade animaram as crianças e seus familiares na tarde deste domingo, 2, na Bienal do Livro de Guarulhos. A apresentação infantil com o teatro de bonecos da Cia Truks, convidou todos a mergulhar na imaginação, cheio de humor, sapatos que dançam tango e almofadas que se transformam em dragões.

Moradores da região não perderam a oportunidade e trouxeram seus filhos para conhecerem a Bruxinha que cativou o público em cada cena, através de atores animadores que manuseavam o boneco animado ao mesmo tempo.

Os irmãos Alice, 5 anos, e Nicolas Albino Afonso, 3 anos, acompanhado de seus pais olhavam fixamente a peça teatral. “Eu gostei muito da bruxa e do bicho, nunca tinha visto uma peça com bonecos, foi muito legal”, conta Alice Albino Afonso.

Magali Vasconcelos de Lima, mãe das gêmeas Mariane e Manuela, e do Artur elogiou o evento e falou da importância que tem para o município. “Nós adoramos a Bienal do Livro de Guarulhos, um trabalho lindo, perfeito e tudo muito organizado. É muito importante desenvolver esse tipo de trabalho na nossa cidade”, parabeniza a mãe.

“A Bienal do Livro aqui em Guarulhos incentiva a cultura, é muito bom trazer as nossas crianças para assistirem peças teatrais e, para nós adultos também. Ainda hoje vamos conhecer as editoras convidadas”, completou a tia Maria da Paz Vasconcelos de Lima.

O espetáculo contou ainda com a audiodescrição para as pessoas com deficiência visual pudessem acompanhar os acontecimentos de cada cena, sentindo a mesma emoção dos demais presentes.

Grupo teatral Escola 360

Integrando a extensa programação da Bienal do livro de Guarulhos, foi apresentada também a peça teatral “Mãe Terra”, pelo Projeto Teatro-Escola 360, iniciativa do Programa da Escola 360, por meio da Secretaria de Educação, desenvolvido na unidade do CEU Ponte Alta com jovens e a comunidade.

Foto: Marcio Lino

O projeto de criação coletiva potencializa não somente a aprendizagem de uma técnica, mas, acima de tudo, a integração de todos no grupo e na ampliação da consciência do mundo, da Natureza, do outro e de si mesmo.

O diretor de Cultura Tiago Ortaet também prestigiou o evento e comentou sobre a apresentação dos alunos e como é interessante a integração de diferentes suportes para a exaltação da palavra que vai muito além do livro impresso. “Está na oralidade do contador de histórias, na poesia do declamador, na dramaturgia experimentada na interpretação dos jovens atores como vimos hoje na apresentação do teatro escola 360.”

Tiago contou ainda sobre o pai de uma das jovens artistas, entusiasmado na plateia, que disse uma frase bastante oportuna sobre o que tinha acabado de vivenciar: “Não adianta o pai dar um celular para seu filho e não participar da vida dele e não ser presente. Estar aqui assistindo essa peça é uma das formas de fazer a diferença na vida dele”, menciona Tiago emocionado. O diretor explica que de forma prática, fez mais sentido o título-tema dessa Bienal “Páginas que conectam”, com a linda página na vida de pai e filha, se conectando ainda mais por meio da literatura e das artes.

Atualmente, o Projeto é coordenado pela arte-educadora Wânia Karolis, coordenadora de programas e projetos artísticos e educacionais da Escola 360, e mediado, pelo arte-educador Fabio Viana, do CEU Ponte Alta.

Grande público prestigia palestra de Leandro Karnal

Um dos principais intelectuais da atualidade, o historiador Leandro Karnal foi o grande destaque da Bienal do Livro de Guarulhos “Páginas que Conectam”, no início da noite deste sábado, 1. Um público com mais de 350 pessoas lotou o auditório principal do evento para prestigiar a palestra “O dilema do porco espinho – Como encarar a solidão”, que também dá nome à sua mais recente obra.

Sucesso de público por onde passa e até mesmo nas redes sociais, Karnal apontou maneiras de tornar a solidão em momento criativo, quando uma pessoa aproveita o isolamento, por exemplo, para pensar sobre si mesmo, seus valores, seu comprometimento com a sociedade. Tal ideia vai de encontro à solidão destrutiva, que gera apenas tristeza e depressão.

“A maneira destrutiva nós chamamos solidão; a construtiva, solitude. A dor, o sofrimento, o envelhecimento e a morte são inevitáveis, mas o sofrimento é opcional. Quanto mais você souber cultivar uma solidão construtiva, solitude, mais você vai se aproximar de uma vida plena”, define Karnal.

Foto: Fábio Nunes Teixeira

Durante a palestra, Karnal falou ainda sobre a importância da leitura, de como ela torna a existência humana mais interessante: “A velhice de quem não lê é muito solitária. Ao ler, percorremos o mundo, é preciso descobrir que a leitura é uma grande companhia, um belo exercício de incorporar uma personagem e viver uma grande aventura, quem não lê está fadado à solidão, não há companhia melhor que a de um livro, a decisão de ler deve ser pessoal, forte e firme, quanto mais interesse pelos livros e suas histórias, mais interessante você será, ler te faz descolar do senso comum”, destaca.

Segundo Karnal, diante da crise atual em que grandes livrarias estão fechando suas portas e na qual muitos livros são baixados de forma virtual, a leitura ainda permanece fundamental.

“É muito importante o que a Prefeitura de Guarulhos está realizando com a Bienal do Livro. Pessoas estão tendo a oportunidade  e acesso aos livros, nós temos jovens, crianças e pessoas de mais idade brincando e se divertindo, e isso é fundamental. Guarulhos fez exatamente o que todo poder público tem a fazer, incentivo à  leitura para as pessoas”, concluiu.

Além disso, toda a palestra  foi acessível, traduzida em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), pelas intérpretes Regina Fernandes e Danny Lima.

Programação

Neste domingo, 2, terceiro dia do evento, a programação da Bienal do Livro de Guarulhos conta com palestras sobre temas variados. Às 14h, acontece a palestra “Literatura como passaporte para conhecer o mundo”, com Fernanda Braz, no Auditório 2 – O Menino Maluquinho. Às 18h, Tati Bernardi fala sobre seu livro “Homem objeto e outras coisas sobre ser mulher”, no Auditório 1 – O Pequeno Príncipe. E também às 18h, no Auditório 2 – O Menino Maluquinho, “A fantasia no Brasil”, com Eric Novello e Bárbara Moraes. Às 19h30, “Adulta sim, madura nem sempre – Fraldas, boletos e pouco colágeno”, com Camila Fremder, no Auditório 1 – O Pequeno Príncipe.

O destaque do domingo fica por conta do Teatro de Bonecos “A Bruxinha de Eva Furnari”, às 15h, com Cia. Trucks, no Auditório 1.

Além da sessão de autógrafos com Andrea Avelar, às 16h, autora do livro “A fantástica cozinha de Dona Zita”, os escritores guarulhenses também fazem bate-papos sobre suas obras ao longo de todo o dia, no Auditório 3 – Dom Quixote, e Auditório 1 – O Menino Maluquinho: Ligia Almeida, às 11h; Maria Lúcia P. G dos Santos, às 15h; Karla Maria, às 17h; Hamilton Ap. Peixoto, às 17h; e Marcos Pinheiro Ribeiro, às 18h.

A Bienal do Livro, que tem como tema “Páginas que Conectam”, acontece até o dia 9 de dezembro no Parque Linear Transguarulhense, no Parque Continental.

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