Bienal do Livro de Guarulhos 2018 alcança grande público e promove debates sobre temas contemporâneos

Dez dias de evento, mais de 130 horas de programação, 350 atrações, dentre as quais palestras, contações de histórias, sessões de autógrafos, espetáculos teatrais, um público de aproximadamente 60 mil pessoas e livros, muitos livros. Com essas estatísticas  Prefeitura encerrou na noite do último domingo (9), a primeira Bienal do Livro de Guarulhos “Páginas que Conectam”, um evento que promoveu momentos marcantes para os visitantes do espaço.

O último dia do evento contou com a palestra do jornalista e escritor Caco Barcellos, que lotou o auditório principal da Bienal e ofereceu ao público um diálogo ao mesmo tempo descontraído e intenso, sobre algumas de suas principais reportagens, contadas em livros e no Programa Profissão Repórter.

O evento, contudo, começou dias antes e recebeu o historiador Leandro Karnal, que aproveitou o lançamento de seu último livro “O dilema do porco espinho – Como encarar a solidão”, para apontar maneiras de tornar a solidão em momento criativo. Para o público jovem, os youtubers Pac & Mike usaram uma linguagem simples, direta e descontraída para falar sobre games, roteiros dos vídeos que fazem para seu canal e do livro da dupla “Tazercraft – Uma Aventura Chume Labs”, que narra aventuras interplanetárias. A especialista em criminologia e escritora Ilana Casoy e a nutricionista Gabriela Kapim também foram destaques da programação, envolvendo os visitantes da Bienal em bate-papos instrutivos e especiais.

Interativo e extremamente inspirador, o velejador Amyr Klink compartilhou experiências incríveis sobre a capacidade humana de realizar sonhos. Já o poeta Bráulio Bessa, carinhoso com as palavras e com o público, encantou crianças, jovens e adultos com suas poesias e com as de seu conterrâneo, Patativa do Assaré, um momento que arrancou lágrimas até mesmo dos menos emotivos.

Na Bienal do Livro de Guarulhos também teve contações de histórias e espetáculos encantadores de artistas como Bosco Maciel, Lindy Barbosa, Victor Tayon, Janaína Brizola, Kiara Terra, Wânia Karolis e Sérgio Vaz, além de renomadas companhias como a Cia. Truks, Projeto Hoje tem Teatro? Tem sim senhor!, Teatro-Escola 360 e Grupo Saracuteia animaram o público com muita genialidade e magia, transformando suas apresentações em momentos únicos e inesquecíveis.

O grande destaque da Bienal foi para os mais de 20 autores independentes da cidade, que marcaram presença e ainda tiveram um estande exclusivo, muito visitado. Ao longo de toda a programação, os escritores ministraram palestras, bate-papos sobre suas obras e temas ligados às suas áreas de pesquisa, sessões de autógrafos e lançamentos de livros. Vale destacar a parceria com a CBL – Câmara Brasileira do Livro, e intensa participação dos membros da Academia Guarulhense de Letras, que na ocasião da Bienal lançaram a 20ª edição da Revista da AGL, comemorativa dos 40 anos de fundação da entidade.

Um evento desse porte e importância aconteceu também por meio do trabalho e dedicação de uma grande equipe, envolvendo, além de mais de 200 servidores da Secretaria de Educação, valiosas parcerias intersetoriais com mais de 10 secretarias, SAEE e Proguaru, Food Trucks na praça de alimentação, 10 empresas envolvidas na montagem e cerca de 350 pessoas trabalhando para realização do evento, tudo isso para garantir o atendimento de 3 mil alunos por dia, com 60 apresentações exclusivamente infantis, e beneficiar cerca de 5800 funcionários do quadro do magistério com o CrediLivro.

Outro destaque da Bienal foram as recorrentes filas para aquisição de livros nos mais de 30 estandes de renomadas editoras, nos quais eram possíveis encontrar diversos títulos da literatura brasileira e internacional.

A próxima edição da Bienal do Livro de Guarulhos, está prevista para o 1º semestre de 2020.

Caco Barcellos fala sobre jornalismo investigativo no encerramento da Bienal do Livro de Guarulhos

No início da noite deste domingo, 9, o jornalista e escritor Caco Barcellos lotou e encerrou com brilhantismo o último dia da Bienal do Livro de Guarulhos “Páginas que Conectam”. O âncora do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, ministrou a palestra “Casos reais sobre questões da atualidade”, na qual falou sobre as particularidades da profissão do jornalista, contando seu percurso como repórter.

Durante a palestra, Caco contou um pouco da sua trajetória profissional e como tomou determinadas decisões para fazer matérias investigativas. “Eu estou sempre, de alguma maneira, iluminando áreas que me parecem escuras, ou com pouca visibilidade. Esse é o papel do repórter. Desde o meu primeiro dia de trabalho como jornalista, eu nunca sai da rua, estou sempre no “front”. O jornalista ainda disse que o repórter tem por dever de ofício circular por todas as áreas, mas principalmente em meio às pessoas comuns.

Foto: Sidnei Barros

Conhecido pelo trabalho de mais de 30 anos na televisão em programas como Globo Repórter, Fantástico e Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, Caco Barcellos se especializou em jornalismo investigativo, documentários e matérias sobre injustiça social e violência. Já atuou como repórter em grandes jornais brasileiros e em revistas como IstoÉ e Veja, foi correspondente internacional em Nova Iorque e em Londres, apresentou durante seis anos um programa semanal na Globo News e escreveu livros como o “Rota 66”, “Abusado” e “Nicarágua: a Revolução das Crianças”. Caco contou ainda que já cobriu mais de trinta guerras.

O Jornalista também falou sobre como tudo é decidido nas pautas para o programa Profissão Repórter, apuração de fontes e mídias sociais.  “No Profissão Repórter, que envolve muitos jovens chegando ao mercado de trabalho, a gente debate muito no coletivo, além disso, falamos muito sobre a importância das redes sociais. Hoje, elas são fundamentais para o nosso trabalho, mas há algumas armadilhas também. Costumo chamar a atenção para o seguinte: o que está na rede social já foi feito. Alguém já escreveu. É legal a gente saber disso, mas a verdade está na rua”, afirma o jornalista.

Foto: Sidnei Barros

Ainda com relação ao Profissão Repórter, Caco enfatizou o modo como o programa se consolidou no contexto de transformação do jornalismo investigativo, pautado na cobertura de temas que antes tinham pouca ou nenhuma visibilidade: “Há inúmeros casos marcantes, que me fizeram ter certeza de que a função social do jornalismo é olhar para as fragilidades da sociedade, daquela grande maioria que não disfruta de segurança a contento, que sofre nas regiões periféricas e em locais onde a violência impera”, observa.

Além disso, toda a palestra foi acessível, traduzida em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), pelas intérpretes Regina Fernandes e Danny Lima.

Bráulio Bessa emociona público da Bienal com palestra sobre cultura popular brasileira

O carisma e a simplicidade do cearense Bráulio Bessa despertaram sorrisos e emocionaram as mais de 350 pessoas que assistiram à palestra “A Poesia que Transforma”, no início da noite deste sábado, 8, na Bienal do Livro de Guarulhos. Um dia memorável para todos que estavam presentes.

Um case de sucesso que ultrapassou as fronteiras do Nordeste e ganhou o Brasil, Bráulio compartilhou sua trajetória profissional durante a palestra, desde o primeiro contato com os versos do poeta Patativa do Assaré no colégio, quando se descobriu escritor e fomentou o sonho de escrever um livro, até as conquistas atuais.

“Comecei a fazer poesias com 14 anos, e hoje a poesia é minha grande missão. Quero divulgar a literatura de cordel, a cultura popular brasileira, buscar respeito ao escritor e ao artista popular”, destacou Bráulio.

Foto: Márcio Lino

Com muito bom humor, o poeta contou também sobre quando decidiu arriscar e largar a faculdade para investir em poesia. Fez da internet sua “feira”, de quando as pessoas gritavam em alto e bom som para serem escutadas, e publicou seus textos em vídeo para, enfim, ser visto e reconhecido pela sua arte.

“A poesia precisa ser declamada e eu devo muito à magia da internet. Se a gente for parar para pensar, um artista popular brasileiro cria uma página, em 2011, falando de cultura popular nordestina e, de repente, o alcance desse conteúdo chega a 40 milhões de pessoas por mês. Isso é encantador”, conta animado.

No entanto, o momento mais aguardado da palestra foi quando o poeta falou dos bastidores da sua primeira participação no programa global “Encontro com Fátima Bernardes”. O primeiro convite chegou por e-mail. A surpresa foi tamanha que ele acreditou ser um vírus entre as demais mensagens. Hoje, já são quatro anos em que o poeta Bráulio Bessa marca presença no programa, com o quadro “Poesia com Rapadura”, onde já declamou mais de 90 temas.

“A poesia é um abraço despretensioso”, pontua Bráulio. Segundo ele, a poesia faz bem independente de qual dor a pessoa esteja sentindo. Ela molda e adapta-se ao que o outro sente. “Hoje, eu luto para não perder esse espaço que é tão raro, acredito que ainda tem muita gente para eu abraçar”, concluiu.

Foto: Márcio Lino

Ao final de sua palestra Bráulio declamou o poema “Sendo eu um aprendiz”:

“Sendo eu um aprendiz, a vida já me ensinou

Que besta é quem vive triste lembrando do que faltou, magoando a cicatriz e esquece de ser feliz por tudo o que já conquistou

Afinal nem toda lágrima é dor

Nem toda graça é sorriso

Nem toda curva da vida tem placa de aviso

E nem sempre que você perde é de fato prejuízo

O meu ou o seu caminho não são muito diferentes

Tem espinho, pedra, buraco para atrasar a gente

Mas não desamine por nada pois até uma topada empurra você para a frente

Tantas vezes parece que é o fim, mas no fundo é só um recomeço

Afinal para poder se levantar é preciso sofrer algum tropeço

É a vida insistindo em nos cobrar uma conta difícil de pagar

Quase sempre por ter um alto preço

Acredite no poder da palavra desistir, tire o “d” coloque o “r” e você tem resistir

Uma pequena mudança, as vezes traz a esperança e faz a gente seguir

Continue sendo forte, tenha fé no criador, fé também em você mesmo e não tenha medo da dor

Siga em frente a caminhada e saiba que a cruz mais pesada o filho de Deus carregou.”

Programação

Amanhã, domingo, 9, no último dia da Bienal do Livro de Guarulhos, o dia já começa bem animado, às 10h, 12h, 14h e 16h, tem contação de histórias “Morando no brincar das histórias: Vamos abrir a caixa de brinquedos?”, com Wânia Karolis, no Auditório 3 – Dom Quixote. Às 11h, 13h e 16h, a Peça Teatral “A pipa e a flor”, com o Projeto Hoje tem teatro? Tem sim senhor! no Auditório 1 – O Pequeno Príncipe.

Às 11h, bate-papo e sessão de autógrafos com os autores guarulhenses Renan Oliveira e Winicius Gomes, no Auditório 3 – Dom Quixote. Às 12h, palestra com Aloma Carvalho sobre “Bebê leitor”, no Auditório 2 – O Menino Maluquinho. Às 13h, o autor guarulhense Paulo José Carneiro Pires, fará bate-papo e sessão de autógrafos, no Auditório 3 – Dom Quixote.

Às 13h30, no Auditório 2 – O Menino Maluquinho terá contação de histórias com Música com o Grupo Saracuteia. Às 15h, contação de histórias com Kiara Terra “História colaborativa para viver o tempo presente”, no auditório principal, Auditório 1 – O Pequeno Príncipe.  Às 16h, Robson Cuer o autor do livro “O diário de Erasmo”, fará um bate-papo no Auditório 2 – O Menino Maluquinho. Às 17h, o autor guarulhense Paulynho Blues fará um bate-papo e sessão de autógrafo, no Auditório 3 – Dom Quixote.

O grande destaca do dia é às 18h, a palestra com o jornalista Caco Barcellos, com o tema: “Casos reais sobre questões da atualidade”, no auditório principal, auditório 1 – O Pequeno Príncipe. E encerrando a programação da Bienal do Livro de Guarulhos, às 19h, bate-papo e sessão de autógrafos com a autora guarulhense Sônia Ap. C. Martins, no Auditório 3 – Dom Quixote.